Os
bandeirantes iniciaram a aventura rumo ao centro-oeste brasileiro somente 90
anos depois do descobrimento. Relatos dessas viagens nos revelam o quão difícil
foi romper esses desconhecidos e virgens sertões. A descoberta do rio Araguaia,
por exemplo, só ocorreu por volta de 1618, depois de 28 anos de tentativas
frustradas.
A
aventura dessa outra pessoa paulista, a artista-bandeirante
contemporânea Erica Bearlz, rumo ao interior goiano, ocorre somente sete anos depois dela adentrar o centro-oeste
e se instalar em Goiânia. Durante uma apresentação Grupo Sertão,
às margens do mesmo Rio Araguaia
encontrado pelos bandeirantes, resolve propor ao grupo uma parceria.
Há tempos inspirada pela exuberância
natural da região do Cerrado e com uma
vontade latente de usurpar da riqueza de sua cultura popular, Erica, tocada e entusiasmada com a qualidade
da música do grupo, que tem suas raízes na cultura tradicional e popular, propõe ao músico a concepção de um espetáculo
onde se uniriam as expressões corporal e musical, dentro de uma estética
contemporânea, inspirado nas paisagens e em algumas das manifestações culturais
do Cerrado Brasileiro, visando compartilhar dessa experiência com o Brasil e
com o mundo.
Aludindo aos desbravamentos, a história dessa bailarina/coreógrafa dentro do
cenário profissional e artístico goiano tem sido escrita de forma bem cerrada, ou seja, pertinazmente. Com
olhar e tato sutis e poéticos, vem rendendo-se
e rebentando, tal como os Ipês
desabotoam suas flores a cada agonia anual apresentada nos tempos de estiagem
tão acentuados nesse sertão cerratense.
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