Seguindo as pesquisas corporais, passamos para o Dojo com Maria Fernanda. No dojo, minhas memórias até então trabalhadas se concentraram e se fizeram presente nas mãos. As mãos teciam, pegavam, empurravam.
Primeiramente, o moimento do crochê se fez presente nas mãos. No Laboratório Corporal, trancei em crochê várias fitas coloridas. Me senti em oração.
O movimento da trança ficou presente nas mãos e braços. Aos poucos, tomou conta do corpo todo. Meu corpo todo trançava minhas memórias de crochê.
O corpo-agulha puxava as memórias, uma a uma. Fiz uma colcha.
O corpo era ao mesmo tempo a linha, a agulha, a crocheira, o crochê.
Depois de bordar pelo espaço, o corpo se desmanchava, e virava linha novamente.
Depois fui procurar os crochês de Pierina. Estavam guardados comigo.
Desde então caço ligações entre a personagem da mulher-toura, que surgiu nos Laboratórios Corporais dirigidos por Renata Lima e o crochê que surgiu no dojo, dirigido por Maria Fernanda.
domingo, 31 de março de 2013
O crochê na CAÇADA
Conforme fui trabalhando meu inventário corporal as memórias da infância começaram a florescer. outras memórias: aquelas carregadas de espaço, corpo e textura.
Me surpreendi com as memórias que emergiram em meu corpo, muitas delas eu considerava "sem importância".
N processo de dojo, ao demarcar meu quintal, a casa de minha avó materna, dona Ema, surgiu com muita força. as frestas, os cantos, as paredes descascadas de cal azul claro. O quarto-cozinha de tia Pierina, minha tia-avó. Lá, as comidas, o cheiro do guarda roupa, as histórias...
A história de como Pierina aprendeu a fazer crochê: com um palito de fósforo. Eu ficava tentando fazer crochê com um palito também. Achava difícil. Como ela conseguiu?
Eu preferia fazer com a mão mesmo: faz o lacinho e puxa a linha por dentro. Fiz minha primeira correntinha de crochê aos 5 anos de idade. Gostava mesmo era de desfazê-lo: a linha vai sendo engolida pelas argolinhas, vai sumindo... Volta a ser linha.
Me surpreendi com as memórias que emergiram em meu corpo, muitas delas eu considerava "sem importância".
N processo de dojo, ao demarcar meu quintal, a casa de minha avó materna, dona Ema, surgiu com muita força. as frestas, os cantos, as paredes descascadas de cal azul claro. O quarto-cozinha de tia Pierina, minha tia-avó. Lá, as comidas, o cheiro do guarda roupa, as histórias...
A história de como Pierina aprendeu a fazer crochê: com um palito de fósforo. Eu ficava tentando fazer crochê com um palito também. Achava difícil. Como ela conseguiu?
Eu preferia fazer com a mão mesmo: faz o lacinho e puxa a linha por dentro. Fiz minha primeira correntinha de crochê aos 5 anos de idade. Gostava mesmo era de desfazê-lo: a linha vai sendo engolida pelas argolinhas, vai sumindo... Volta a ser linha.
Mulher toura 2
EU SOU A TOURA.
EU SOU A FLOR E A TERRA E A ÁGUA.
TRAGO A FORÇA DO REBENTO DA SEMENTE,
A FORÇA DA LUZ DA VIDA,
O GRITO, O CHORO, A ORAÇÃO.
TRAGO TUDO ISSO , E NADA DISSO.
Caçando pensamentos
Bordando, cavando e esperando.
Preparando meu corpo e meu ser, intuindo o devir.
Canto em oração às minhas mães ancestrais, ofereço meu destino.
Trago em minhas mãos minha força, minhas preces, meu trabalho.
Cerro os punhos, sinto a energia pulsar. Desce da nuca pelas costas, se instaura na bacia, nos pés. Me entrego à experiência. Testo sua agressividade, percebo sua beleza.
Enfrento o inimigo, enfrento a mim mesma.
Ainda é difícil aceitar sua partida. Sinto seu sangue pulsar. Sinto esparramar. Demarcar.
Minha força como um fardo.
Quando me despi da toura, só tinha a agradecer...
Floresci.
Preparando meu corpo e meu ser, intuindo o devir.
Canto em oração às minhas mães ancestrais, ofereço meu destino.
Trago em minhas mãos minha força, minhas preces, meu trabalho.
Cerro os punhos, sinto a energia pulsar. Desce da nuca pelas costas, se instaura na bacia, nos pés. Me entrego à experiência. Testo sua agressividade, percebo sua beleza.
Enfrento o inimigo, enfrento a mim mesma.
Ainda é difícil aceitar sua partida. Sinto seu sangue pulsar. Sinto esparramar. Demarcar.
Minha força como um fardo.
Quando me despi da toura, só tinha a agradecer...
Floresci.
Flores de Luz
Levo meus filhos para a casa da avó: hoje, 27 de março, é pré-estreia de CAÇADA. saindo, já um pouco atrasada, percebo uma caixa. Sim! a encomenda chegara a tempo!
Ao abrir o deleite foi total. Lá estavam elas, as flores da Rainha...
Ao abrir o deleite foi total. Lá estavam elas, as flores da Rainha...
Receber essas flores antes da pré-estréia foi como uma bênção...
As flores de Lídia Luz...
Levei as flores comigo, espalhamos pelo espaço cênico enfeitando e protegendo o que estava por vir.
Enfim, CAÇADA teve seu primeiro suspiro, cercada das flores de Luz.
Medo, euforia e gratidão permearam minha carne na noite de 27 de abril, lua cheia.
CAÇADA está traçando um belo percurso, com parcerias preciosas e fundamentais nesta jornada.
Neste momento em especial, agradeço à parceria com Lídia Luz, que vem contribuindo para deixar nosso percurso mais florido e mais iluminado.
Caçando
CAÇADA como busca, como a própria peregrinação humana em busca do sagrado, do essencial.
a VACA como substancial, aquilo que alimenta e nutre.
com sua carne e leite, as pessoas.
com seu esterco, a rosa.
Rosário. Bordado. Trançado.
CAÇADA se torna o trançado, o caminho que leva ao elevado.
a VACA como substancial, aquilo que alimenta e nutre.
com sua carne e leite, as pessoas.
com seu esterco, a rosa.
Rosário. Bordado. Trançado.
CAÇADA se torna o trançado, o caminho que leva ao elevado.
CAÇADA
CAÇADA começa com um encantamento, um vislumbre provocado por uma música que transporta a esse lugar-Sertão.
Lugar que desvenda os olhos e se mostra como um tiro de sítio arqueológico, onde nos derramamos com nossos próprios ossos.
Com isso que é resto e ao mesmo tempo essência de nossas estruturas humanas.
Lugar de ancestralidades , raízes.
Tal encantamento tornou-se uma busca, uma caça, aquilo que nos é mais essencial.
Lugar que desvenda os olhos e se mostra como um tiro de sítio arqueológico, onde nos derramamos com nossos próprios ossos.
Com isso que é resto e ao mesmo tempo essência de nossas estruturas humanas.
Lugar de ancestralidades , raízes.
Tal encantamento tornou-se uma busca, uma caça, aquilo que nos é mais essencial.
Ruminâncias...
sexta-feira, 29 de março de 2013
quinta-feira, 28 de março de 2013
segunda-feira, 25 de março de 2013
CAÇADA
O
espetáculo inédito Caçada, fruto do projeto de pesquisa em música e artes corporais iniciado em
2010 pelos bailarinos Érica Bearlz e Rodrigo Cruz e o grupo musical Sertão,
fará sua pré-estreia no Colóquio de Dança: a dança na universidade,
na próxima quarta-feira, 27/03, às 19 horas, na sala
8, atrás do Museu Antropológico da UFG, na Praça
Universitária. A entrada é gratuita. Informações:http://eventos.ufg.br/coloquiodanca.
Inspirados na Caçada da Rainha e na
exuberância natural do Cerrado, o espetáculo é a culminância da primeira parte
do projeto Paisagens Corporais e propõe uma grande celebração entre artistas e
público.
(por Rasga Saia - www.rasgasaia.com.br)
domingo, 24 de março de 2013
sábado, 23 de março de 2013
CAÇADA
em Goiânia:
pré estréia: 27/03, Colóquio de dança
ESTRÉIA: 02/04, TEATRO DO SESI
CASA VERDE: 04/04
TEATRO ZABRISKIE: 5,6 E 7 DE ABRIL
(mais informações em breve)
sexta-feira, 22 de março de 2013
Lidia Luz: Flores para a Rainha
UMA GRANDE PARCEIRA AGORA, LIDIA LUZ!!
Lidia Luz: Flores para a Rainha: "Lá vem o rei mais a rainha O rei é seu e a rainha é minha A rainha é de ouro, de ouro só O rei é de couro, é de couro só Canoeir...
Lidia Luz: Flores para a Rainha: "Lá vem o rei mais a rainha O rei é seu e a rainha é minha A rainha é de ouro, de ouro só O rei é de couro, é de couro só Canoeir...
sexta-feira, 15 de março de 2013
ENTRANÇA
enquanto caço rumos
que me sumam
ou apascentem-me.
Cogito..
gritos mugidos
que espantam
a velhacaria,
os engodos
dos gordos donos de bois
abastecidos dos desperdícios.
Sossego...
adentro mato-selvas,
sombras claras
donde passo discreto
a passos largos e distantes
desses homens ditos retos,
banhando em águas sanas
livres de seus restos.
raízes
nasço
dos decompostos
debaixo das pisadas
e pisoteadas
sustentando passos de folias e agonias
cresço
entre ruínas
resquícios de glórias e avarezas
já passadas e esquecidas
já passadas e esquecidas
alimento me daquilo que é morto
disso faço frutos, flores, folhas
rebento
em redutos
por atos
ao relento
retenho e espalho
esparramo me
alastro me
cavo fundo
cavo fundo
da superfície
ao profundo
profusa seiva
dos submundos
de meu tronco
profusa seiva
dos submundos
de meu tronco
pés de olhos
vejo como raízes
domingo, 10 de março de 2013
em busca da canção
Minha vida...
Quebrando
pedras
e plantando flores.
Mãos de semeador
afeitas
à sementeira do
trabalho.
Minhas mãos raízes
procurando a terra.
(trechos da poesia de Cora Coralina)
sábado, 9 de março de 2013
MATUTO
Inventário sou eu quem invento? Invento de fazer o quê? ou, invento o quê? a minha ancestralidade? inventar algo que já existe e sempre existiu e existirá? pelo que posso conceber dentro da limitação do tempo e espaço...
Invento de ser o que está lá, guardado e dormindo dentro de mim. Um arquétipo, um ser ancestral, um totem. Um silvestre animal, que muge, assim, um homem, um tanto rude. Sua voz é de berro, seu talento é de matuto. Vaqueiro de sua vaca, mateiro com sua enxada. Mais faz do que fala, mais olha do que pensa. Expressa modos de pedir licença e todo fim e início de dia aos céus pede bença.
Está cerrado dentro de mim
A vastidão desse espaço
De natureza exuberante
Rompem me correntes d'água
Sementes, brotos e botões
Rasgam me a carapuça
Saio de onça e caço
Invento de ser o que está lá, guardado e dormindo dentro de mim. Um arquétipo, um ser ancestral, um totem. Um silvestre animal, que muge, assim, um homem, um tanto rude. Sua voz é de berro, seu talento é de matuto. Vaqueiro de sua vaca, mateiro com sua enxada. Mais faz do que fala, mais olha do que pensa. Expressa modos de pedir licença e todo fim e início de dia aos céus pede bença.
Está cerrado dentro de mim
A vastidão desse espaço
De natureza exuberante
Rompem me correntes d'água
Sementes, brotos e botões
Rasgam me a carapuça
Saio de onça e caço
sexta-feira, 8 de março de 2013
O FAZER DO CROCHÊ
Maria Fernanda, conversando com sua tia sobre o ato de fazer croche ouviu:
... é um trabalho manual que vem de dentro. O resultado crochê é um resultado da intensidade interior da crocheira...
pesquisando um pouco mais sobre crochê, encontrei algumas homenagens ao Divino, no blog de Lídia Luz:
"Recebe ó meu Divino
Estes punhados de flores
Que ofertamos com prazer
Ao nosso Divino Espírito Santo.
Aceitai, ó meu Divino
De todo meu coração
Que oramos ao seus pés
Com prazer e devoção (...)". Hino das Flores em louvor ao Divino Espírito Santo.
... é um trabalho manual que vem de dentro. O resultado crochê é um resultado da intensidade interior da crocheira...
pesquisando um pouco mais sobre crochê, encontrei algumas homenagens ao Divino, no blog de Lídia Luz:
"Recebe ó meu Divino
Estes punhados de flores
Que ofertamos com prazer
Ao nosso Divino Espírito Santo.
Aceitai, ó meu Divino
De todo meu coração
Que oramos ao seus pés
Com prazer e devoção (...)". Hino das Flores em louvor ao Divino Espírito Santo.
segunda-feira, 4 de março de 2013
AS ROSAS
Ainda em busca da Rosa, do rosário...
apareceu uma opção para enfeitar o espaço cênico, com rosas de crochê decoradas com fitinhas coloridas, lembrando a bandeira do divino.
Talvez as cores das rosas variem entre azul, vermelho e branco, para remeter à Nossa Senhora do Rosário e ao Divino Espírito Santo.
O "fazer" do crochê, trabalho manual que leva tempo e dedicação, remete-me diretamente às mulheres que , durante todo o ano, se preparam para receber as folias em sua casas, que no dia da folia preparam o espaço que receberá o divino e os foliões, que preparam com suas mãos a comida que garante a energia da festa.
sábado, 2 de março de 2013
Células Corporais
Após os registros fotográficos de Layza Vasconcelos no dia 26/02, estudamos as imagens registradas para encontrar matrizes a serem trabalhadas em forma de célula corporal. Em conversa com Bittar sobre as células corporais, Adriano comentou que estava desenvolvendo um conceito de rabisco corporal: um rabisco que carrega a sensação do movimento. Ocorreu , então algo interessante: a partir da célula, evidenciei alguns vetores nas costas que eu gostaria de trabalhar na matriz da mulher toura, como na célula abaixo:
A célula acima imediatamente sugeriu uma "sensação rabiscada", como se fosse a sensação que eu precisava para ativar os vetores nas costas desejados inicialmente. Então, a célula corporal fez apontar o rabisco sensorial a seguir:
Percebi uma forte ativação das mãos em espiral enquanto realizava o rabisco acima. Provavelmente porque hoje pela manhã participei de uma aula de TowelworkFletcher®.
Agora , refletindo um pouco mais , lembro que na aula eu conseguia ativar as costas a partir do "pressionar e puxar" das mãos na toalha, e eu precisava espiralar os punhos para não desalinhá-los durante o exercício. Essas espirais apareceram em meu rabisco sensorial; a sensação ainda está em mim.
interessante notar que, em 24/02, Maria Fernanda observou a importância das mãos na matrizes dos intérpretes:
"Em sua próprias matrizes, percebe-se que as duas personagens têm nas mãos a parte do corpo onde manifestam seus fazeres. Possuem um estado de solitude. Tramam juntos uma paisagem." (em relação ao trabalho de dojo em conjunto de Erica e Rodrigo)
para saber mais sobre células corporais:
Corpos Edificados NEKA: Céulas Corporais:
“Denomina-se célula corporal qualquer estudo artístico que, impresso em papel ou feito em gesso, tela ou no que mais puder ser im...
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