sábado, 9 de março de 2013

MATUTO


Inventário sou eu quem invento? Invento de fazer o quê? ou, invento o quê? a minha ancestralidade? inventar algo que já existe e sempre existiu e existirá? pelo que posso conceber dentro da limitação do tempo e espaço...

Invento de ser o que está lá, guardado e dormindo dentro de mim. Um arquétipo, um ser ancestral, um totem. Um silvestre animal, que muge, assim, um homem, um tanto rude. Sua voz é de berro, seu talento é de matuto. Vaqueiro de sua vaca, mateiro com sua enxada. Mais faz do que fala, mais olha do que pensa. Expressa modos de pedir licença e todo fim e início de dia aos céus pede bença.

Está cerrado dentro de mim
A vastidão desse espaço
De natureza exuberante
Rompem me correntes d'água
Sementes, brotos e botões
Rasgam me a carapuça
Saio de onça e caço

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