LABORATÓRIOS CORPORAIS

20 de fevereiro
feancisco kung fu

19 de fevereiro
brincadeira final com tranças e rosa ao final levada por rod
erica colete croche

18 de fevereiro
dojo erica e rodrigo: tranças
erica rabo de croche

17 de fevereiro
dojo rodrigo

16 de fevereiro
Matrizes boi com theogravando

15 de fevereiro
Cada vez mais o roteiro se trança.
Hoje, Vinícius e Olavo participaram do ensaio.
Temos um primeiro momento: a mulher tecendo seu cotidiano, cantando uma ladainha.
O homem chega com os outros músicos, no momento que denominamos Entrança.
ambos acham seu espaço e desenvolvem suas matrizes> homem-vaqueiro e mulher-boi. Seguem para o contato e para a cena do Embate. O boi morre. Há um momento musical.
O homem começa a trazer o canto do canoeiro. a mulher boi começa a responder o canto, e seu cantar lhe traz a vida , numa re-corporificação. O canto vai seguindo, até virar uma brincadeira.

Chegamos até aqui, pensando que depois da brincadeira, de alguma forma, o sagrado do inicio (representado pela mulher tecendo, como se estivesse rezando um terço) retorne a cena, dando a idéia cíclica.

14 de fevereiro
trabalhamos na partitura do embate boi-homem.

13 de fevereiro
Trabalho com Maria Fernanda.
Hoje trabalhamos uma dinâmica com argila, para trazer presença na ação das mãos. Depois partimos para o dojo de Erica.
No dojo se intensificou  a presença do trabalho manual, muito em função da argila. As fitas voltaram a tecer memórias do Divino, as mãos viraram agulhas, o corpo todo bordava o espaço.

12 de fevereiro
Feriado de Carnaval.
Fomos até Maria Fernanda. O dojo de erica foi trabalhado.
Muitas situações-memória apareceram. Ficou muito presente o trabalho com as mãos.

Apareceram fitas coloridas, que remeteram às Folias do Divino.

Estávamos buscando uma rosa e ela apareceu: um grande caminho de crochê, sendo tecido pelas mãos da intérprete, em cena.

A partir de hoje,  crochê foi se tornando muito especial.

Depois do trabalho houve uma pesquisa da  relação de Erica com   o crochê.

A imagem do crochê que apareceu no dojo de Erica- e seu valor emocional para a intérprete- foram tecendo ligações até então desapercebidas. O crochê passou a ser um fio que costurava as ações. As cenas começaram a ser costuradas com  crochê; a serem bordadas a mão.

Imagens de flores feitas de crochê começaras a permear o trabalho e o processo criativo.

Apareceram idéias e sugestões de utilização do crochê como elemento cênico, em forma de luminárias.


O caminho de crochê tecido pela intérprete poderia ser uma rosa .

8 fevereiro
ensaio samambaia.
fechamento sequência boi-homem

Percebemos que o momento do embate entre boi e homem deveria ser feito com uma partitura mais definida, pois seria um momento um pouco mais explosivo e agressivo, sendo arriscado deixar muito solto.

Começamos agora então um outro momento do processo:
fechar as partituras do embate.

Para isso, estudamos o material gravado dos laboratórios corporais anteriores e começamos a selecionar alguns momentos específicos que iriam formar a partitura. Mesmo tendo um partitura determinada, os movimentos (ou momentos) escolhidos foram elaborados durante os laboratórios corporais.

A partitura começa a ser montada então, como uma colcha de retalhos.
Entramos no "momento 2": uma maior atuação do pensamento para escolher as cenas que deverão ser trabalhadas.
Quando a partitura estiver montada, o trabalho corporal deve trazê-la novamente para o "momento 1": neste, o corpo atua em estado de jogo.

7 fevereiro
Reunião Zabriskie

6 de fevereiro

Olavo e Jéferson, do Sertão, compareceram hoje no ensaio. Maria Fernanda, do dojo, também.

Passamos as matrizes trabalhadas até então: surgimento das matrizes corporais, encontro do caboclo com a toura, duelo e morte da toura.

Começamos a traçar as paisagens sonoras.
Voltamos a conversar sobre o momento sagrado do rosário, como uma célula feminina a ser trabalhada com Maria Fernanda.

As matrizes corporais começam a ganhar cada vez mais densidade.


5 de fevereiro

trabalho com matrizes de catira e figura da mulher toura.
possibilidade de formação da matriz corporal da toura mesclada com os sapateados de catira.

surgiram idéias sobre os desdobramentos desta possível catira.

uma catira de copos, entre duas pessoas proseando. Uma disputa rítmica.

um canto-aboio-bendito para ressuscitar o boi. uma intervenção de crianças, onde as crianças chamariam o boi de volta para brincar.



4 DE FEVEREIRO

Primeira vez que a catira aparece no processo.
A batida da caixa - que marca a chegada dos foliões - também permeou o trabalho.
O sapateado firma trato com a terra.
A mulher-toura começa a andar mais baixo. A catira leva ao transe e à brincadeira.
O ritmo das vozes gravadas em campo começam a tomar copo, devagar.

O homem com suas facas começa a se firmar em matrizes corporais mais diretas. As facas viram chifres, em sua metamorfose de caboclo-boi.
Pensamos num possível diálogo do caboclo-boi com a mulher toura. Metamorfoseando.

Utilizamos uma bola de 40cm de diâmetro para trabalhar a posição de cócoras: alívio para os joelhos...


1 DE FEVEREIRO

Uma espécie de primeiro ensaio aberto.
tentamos fechar um roteiro:

1-Ruminâncias e nascenças
surgimento das matrizes corporais - toura e caboclo. Sonoridades.

2- Anonimato / espreita
sertão de passagem

3- Encontro / Afronta
investidas e saídas

4- Morte e possibilidade de ascensão
levanta o boi para brincar e festar.

as orientações foram para o boi ser mais sinuoso e o homem mais incisivo.

estamos chegando...



30 e 31 DE JANEIRO

chamamos bois e pássaros, ruminando e silvando.
vaca veio fustigando com seu rabo no mesmo mato que caboco  roçava com facões.
foram se topando, primeiros em toques, estalos, pisoteadas, arrastando pés..
aparecem as investidas, os primeiros e pequenos coices e açoites.
um ciclo que se repete, indo do brando ao mais intenso..



29 DE JANEIRO

CAÇADA. Este nome começa a aparecer mais forte. a ter mais significados.

caçada da rainha, do tesouro...
em busca de algo precioso, estratégia de ação.

as aleluias caçando a fêmea para a cópula,
espreitas.
o homem caçando o boi, o boi caçando o homem.

o bicho boi hoje apareceu bicho fêmea,
os quadris com mais evidência. movimentos redondos de ataque.
a mulher boi se machuca ao final. se rende ao chão.
tenta ainda levantar ao mesmo que vai se entregando ao boiadeiro
em seu respiro derradeiro.

inícios sutis de matrizes que se repetem.
as mãos dançam na água e viram chifres.
os quadris guardam a água e chicoteiam pelo rabo.
presença da coluna, em toda sua extensão: cabeça e rabo.


conversas sobre rosas, pétalas grandes. mandalas feitas com ladainha, vislumbramos uma chegança, de viola.
pressintimos o sagrado na rabeca. uma oração de rosas.
um aboio. uma cantoria que preenche o espaço.

23 DE JANEIRO

CAVALO MARINHO.

começa a aparecer um pequeno roteiro.
uma oração.
um boi e um homem.
uma luta.
uma festa.

Renata nos apresentou algumas matrizes de sapateado de cavalo marinho, pode aparecer no boi.

Cavalo Marinho


21 DE JANEIRO

CAPOEIRA
na ginga, em busca do balanço do boi.

o boi perdeu um pouco a agressividade, ficou mareado.

a agressividade vinha com os sons, ruminando.




18 DE JANEIRO

novamente as pedras, agora suspensas nos braços e cabeças...

gestos de trabalho dão tônus à ação.
separar, cortar.
apanhar, lançar

chamar o boi.
o boi aparece um pouco agressivo.
há um embate com o homem do facão.
a luta aos poucos vai virando uma brincadeira de boi

da brincadeira de boi, o sacrifício do mesmo
uma folia não acontece sem a morte do boi
boi morto, mesa farta, barriga cheia
do drama à alegria
assim são os festejos
celebram o que um dia foi sofrimento

e a caçada ressurge e toma re-significação
a caça ao belo, ao ápice,
ou simplesmente, ao que é bom ou ao que faz bem
caçada como busca, como procura
como investigação daquilo que nos é essencial

a essência de nossa ancestralidade...



16 janeiro

trabalhando com pedras. trazendo a natureza...
secando e irrigando, virando bicho seco e cachoeira generosa.

na seca, gritos agonizam, coisa disforma, sons de sede. de longe chamam alguém ou algo. chamam num aboio triste. a canoa chega devagar, em meio a sons petrificados. a canoa chega aos poucos trazendo ouro e prata.
as vozes começam a ficar mais suaves... a canoa trouxe muita coisa boa...

as vozes agora se embalam com as águas, levadas pela canoa.
os movimentos escapam do corpo, começa uma festa...



Dia 14 de janeiro começamos a intensificar os laboratórios corporais, sob a direção de Renata Lima.

rememoração e reincorporação.

enraizamento
armazenar fonte de vida
crescer em busca das estrelas. da mais alta.
crescer em busca das raizes. da mais funda.

expandir e recolher, condensar a pulsação.

3 comentários:

  1. Desenhando a Paisagem com os pés

    Quando Érica me convidou para essa parceria dentro de PAISAGENS, os pés foi o primeiro trabalho corporal escolhido para auxiliar na elaboraçao e desenvolvimento do inventário no corpo, bem como do processo de criaçao vigente. Considerado raizes desse corpo mastro, pronto para a dança, os pés possuem uma intima relaçao com a terra a partir de seus multiplos apoios gerando um alinhamento de toda a estrutura óssea e muscular obedecendo os seus desenhos espiralados. Apoios esses, que no trabalho de sugar, amassar, mastigar, devolver e revolver, espalhar, dão inicio ao processo de descortinamento de toda uma paisagem que circunscreve nossa memória, gerando movimento genuinos. E foram esses multiplos apoios que trabalhamos em nosso primeiro encontro.

    Para esse trabalho inspirado no Método Bailarino-Pesquisador-Intérprete (BPI) desenvolvido pela Artista e pesquisadora Graziela Rodrigues (http://www.iar.unicamp.br/~graziela/), são considerados apoios as partes dos pés que atuam no movimento, estabelecendo diferentes tipos de contato com o solo, imprimindo determinada força em flexão, extensão e rotaçao de diferentes graus. Essa linguagem dos pés gerada pelos seus apoios envolvem principalmente as articulaçoes tibio-társica e coxo-femurais.

    Assim, trabalhamos os seguibtes apoios: metartarso, dedos, calcâneo, dorso do pé, bordas lateral e medial. As diferentes combinaçoes de apoios e os esforços empregados geraram dinamicas distintas de movimentaçao. Aqui, consideramos três tipos de esforços empregados na relaçao com o chão: Minimo, onde o contato é realizado de superficie, onde realizamos uma passagem pelos apoios dos pés.Muitas vezes em um deslocamento mais acelerado; Médio, um contato um pouco maior com o solo, mas as raizes estão soltas. Isso acontece quando se impulsiona os pés para um salto mas deixando no solo a força concentrada; e finalmente, o Maximo, quando há uma penetraçao no solo. A imagem da ventosa está nesse tipo de esforço.

    Para Graziela Rodrigues, além desses três esforços existem outras gradaçoes que participam de uma dinâmica de movimento. A predominância de um dos esforços é considerado dentro do Método BPI como uma caracteristica importante para a leitura de um movimento e seus significados dentro da dança. Isso porque, a qualidade da utilizaçao dos pés ressoa em todo o corpo, conduzindo e traçando caminhos para serem percorridos por esse corpo integralmente.
    ...
    Agora, dentro de uma caminho ainda a ser descoberto, os pés iniciam um movimento como que buscando saber qual paisagem de uma história que deseja nos contar. Articulando seus apoios, em um deslocamento ainda timido, ao som de uma viola ao fundo, os pés mostram a quantidade de mémoria que esses dois corpos carregam. Sao quintais inteiros, cheiro de terra molhada, bolo, biscoito, postura de tios, avós e bisavós, festejos, danças, rezas, brincadeiras, caminhos... Paulatinamente, pelo movimento que se toma, os pés descortinam uma paisagem inteira gerando giros, sons, saltos e caminhadas.

    Existem muitas paisagens a serem descortinadas por esses pés cheios de histórias. Eles anseiam por contar todas elas... o que hoje eles nos querem contar?

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  2. Tenho uma vontade enorme em permear e devorar essa concepção de movimento-dança que a Erica possui. Gosto muito de como ela entende a dança, de como ela instiga o bailarino a se descobrir sem ser omisso com o espaço, tempo, sentimento, ... Fazendo com que ele descubra-se como parte do todo, sem desvincular-se de suas individualidades.

    Ricarda Álvares Cardoso.

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    1. RICARDA, GRATA POR SUA CONTRIBUIÇÃO!

      Fico feliz com suas observações, que certamente revelam suas descobertas em relação ao seu próprio movimento, ao seu próprio espaço.

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