quarta-feira, 31 de outubro de 2012

inventário

Segundo Ana Carolina L. Melchert, pesquisadora do método BPI, no eixo do "Inventário no Corpo entramos em contato com a Estrutura-Física e com a Anatomia Simbólica
do Método BPI,  provindas das manifestações populares brasileiras, que mantêm um caráter de resistência cultural e que integram movimento, sentido e intenção.

Rodrigues (2003) nos explica que o desenvolvimento  da Estrutura Física é realizado numa prática, onde o corpo encontra-se mergulhado nos elementos das manifestações populares brasileiras. Há, também, o espaço individual, o dôjo, onde é desenvolvido um trabalho de criação do próprio espaço, cujo sentimento deste é o do “aconchego e proteção  para receber a memória do corpo” (p. 85)."

informações retiradas do artigo "O desenvolvimento do eixo Inventário no Corpo do Método BPI", de Ana Carolina L. Melchert, Graziela Estela Fonseca Rodrigues. 

ESTRUTURA DO INVENTARIO

Inspirados no Método Bailarino Pesquisador Intérprete, de Graziela Rodrigues e com a ajuda de Maria Fernanda Miranda, estamos estruturando nosso inventário...

Quer fazer o seu?
 segue abaixo:


Estrutura do Inventário - BPI

I. De onde venho? – as histórias, os festejos e as danças de meus ancestrais:

BISAVÓS      BISAVÔS           BISAVÓS       BISAVÔS

AVÓ               AVÔ                      AVÓ              AVÔ
       
           MÃE                                             PAI
                                     
                                          EU


II. Quais são as minhas crenças e das de meus ancestrais?

III. Quais são as personagens significativas de minha história?

IV. Quando meu corpo ainda era misturado a terra;

V. O Imaginário na imensidão do Quintal (ou quintais);

VI. Quais são as paisagens que me envolvem?

VII. Para quem eu quero dançar? Qual foi meu momento significativo com a dança?

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Video - Caçada da Rainha


Encontrei este vídeo na net.
Pude reviver as palavras de Zé Nilo, Ver seu Luiz Coelho dançando e 
ouvir novamente a RONCA (ou onça).
já fiquei vibrando por dentro!!

O Brasil é de ouro
é de ouro só!!



Caçada da Rainha completa 60 anos

Caçada da Rainha- A Festa da Fé

sábado, 4 de agosto de 2012

Força Kalunga

... estava revendo algumas fotos de nossa viagem, revivendo emoções, revisitando paisagens...

não pude deixar de me emocionar com esta foto de Sirilo, grande "Prefeito" dos Kalungas, grande guerreiro.

Sua presença forte e serena nos deixa contemplativos...


quinta-feira, 26 de julho de 2012

A Caçada da Rainha 2012 - O PRIMEIRO POUSO


Nosso primeiro pouso

12 de julho de 2012

Enfim, chegamos em Colinas do Sul.
O sol já se escondia, deixando seu rastro multicores.
A ansiedade espantava o cansaço das 8 horas de viagem.
O silêncio nas ruas do interior sempre me convidam a viajar ao meu próprio interior. A ausência do zum zum zum da cidade grande amplifica meus sentidos. O ar seco e empoeirado tem cheiro de antigamente, quando eu visitava meus parentes no interior de São Paulo, acompanhada de minha tia avó Pierina...

Olho para meus filhos e fico feliz por eles estarem vivenciando esses momentos comigo. Fecho os olhos em prece e agradeço...

O que estamos esperando??  Vam'bora pro pouso!!

Nas paredes dos estabelecimentos comerciais da cidade estavam pregados o cartaz da Caçada da Rainha. Curioso:


então fomos...

Seguimos então com a van novamente, por mais 20 km adentro "da Colina", em estrada de chão.

Engraçado isso : estrada de chão...

Parece que as outras estradas com o chão escondido pelo asfalto tiveram sua ancestralidade escondida também...

Seguimos saculejando Colina a dentro...
Vam'bora pro pouso!!

E então chegamos...
A pegunta de todos, ainda dentro da van:
"Cadê Zè Nilo??"
" Ali, Ali!! De chapéu! Já vi!"

E enfim: ZÉ NILO !!!





  
Nem acreditei:
Estávamos num pouso. Estávamos com Zé Nilo. Pronto!!

Zé Nilo, depois de abraçar o Sertão*, pegou o caçula da viagem - Lui - nos braços e levou a todos pra cozinha, para se servirem e estarem a vontade.







Lá, cozinheiras feiticeiras garantiam o combustível da festa. E enfeitiçavam nossos sentidos com poções mágicas de guariroba, arroz, feijão, frango caipira, paçoca, mandioca... O cheiro da comida fazia emudecer. As panelas no fogão caipira eram um deleite aos olhos e ao paladar. Zé Nilo ficou com o grupo, e não saiu de perto até que todos estivessem bem alimentados e satisfeitos. Da mesma forma o fez a dona da casa (nome em breve).






As crianças corriam soltas em volta da fogueira.

A catira já ia começar. Eu só tinha a agradecer...

*Sertão: como Zé Nilo carinhosamente chama Olavo Telles, do Grupo Sertão.







A Caçada da Rainha - APRENDENDO A SER GENTE


“Guimarães Rosa foi quem, melhor do que ninguém, soube transcriar a riqueza cultural desses povos, ao afirmar que os gerais são ‘uma caixa d'água' e, com isso, mais do que os cientistas, iluminou a leitura de nossa geografia aos nos fazer ver que os nossos rios nascem nos cerrados – o São Francisco, o Jaguaribe, o Parnaíba, o Tocantins, o Araguaia, o Xingu, o Madeira, os formadores do Paraguai (o Pantanal), o Paranaíba, o Grande, o Rio Doce”.

O trecho acima é de Carlos Walter Porto-Gonçalves, da Universidade Federal Fluminense, em sua Carta aberta à invisibilidade do Cerrado na política ambiental (LINK ao lado).

Na carta Carlos Walter nos atenta ao descaso das políticas ambientais em nosso país, incluindo à invisibilidade do Cerrado.

Eu mesmo, antes de chegar em Goiás, não sabia de cerrado... Tinha uma vaga idéia de vegetação rasteira, com baixa diversidade. E cheguei aqui sem saber diferenciar uma árvore comum de um pé de manga...

Acho que por isso me veio o "Paisagens Corporais"...

Aqui, nesse Cerrado azul e laranja, aprendi a ver. A ver e a sentir o meu redor. Minha pele sente o seco e o molhado, meus olhos acompanham os ciclos dos "pé-de-tudo-quanto-é-coisa", minh'alma se encharca nessas águas... E os Ipês choram flores...

Aprendi a apreciar as aleluias,  e sentir a presença divina em sua busca pela ascensão...  

Me comovo com o grito da cigarra que prenuncia, com seu último fôlego, que as águas estão chegando. 

E estou buscando me inspirar nas pessoas daqui ou, como diz Olavo, estou aprendendo a ser gente. Aprendendo o sentido da generosidade.

A Caçada da Rainha - PAISAGENS CORPORAIS


Paisagens corporais...

 Às vezes volto a me perguntar o que está sendo este projeto, uma vez que a cada dia toma outras dimensões. 



Brotou de uma tentativa poética de resgatar valores culturais do cerrado que vão se perdendo, de resgatar a natureza que vamos perdendo. 




Agora estamos coletando imagens , sons e memóriads espalhadas pelo norte de Goiás, para uní-las em forma de um espetáculo. Um condensamento de vivências, gotas de poesia que se formam em minha superfície, e escorrem  para formar o rio que carrego em mim. 



Paisagens Corporais surge como um rebojo interior se preparando para escoar pelos corpos dos artistas participantes. 



sábado, 21 de julho de 2012

Cerrado, Kalunga - Um lugar para o meu ser tão cerrado

Um lugar para o meu ser tão cerrado

Mais pra dentro, ao centro, um lugar-sertão, cerrado, recortado por rios e riachos de águas frias rachando e deslizando sobre as rochas, berços de cristais, sob um céu azulaço, estreladaço.



Dentro de meu corpo há um lugar assim, remoto e sensível, onde razão nem conhecimento somente não conseguem adentrar. Está lá a minha mais profunda e sincera expressão, a de uma eterna devoção a tão exuberante e magnânima natureza. Tremo como a terra quando pés de catira cavalgam batendo nela, gemo junto ao jorros de águas cristalinas que nascem e habitam essa terras tão rupestremente gentis.




sábado, 14 de julho de 2012

A Caçada da Rainha - MÚSICA NO CÉU

MÚSICA NO CÉU

sexta-feira, 13 de julho de 2012. 

Bem cedinho, Zé Nilo, organizador da Caçada da Rainha, estava junto com a comunidade ajudando nos preparativos para Festa. 

"Foi a primeira vez que fizemos assim, com fitas. 
A gente fazia com bandeiras...", diz Zé Nilo.





  As fitas abraçam a praça, abençoando quem 
por debaixo dela passa.

  A praça toda parece estar dando as mãos, numa grande ciranda.

  Uma ciranda de fé e generosidade.

Me atento ao contraste entre as cores do divino, da nossa senhora do rosário e do céu.

O vento faz cócegas nas fitas, que brincam de colorir o céu.

Uma grande harpa dedilhada pelo vento.

Até dá pra escutar a melodia...

A Caçada da Rainha - SOBRE O SAGRADO

 Aqui em Colinas, testemunhando sinais de santidade e devoção verdadeira nas buscas persistentes e desinteressadas pelo sagrado.

"Cartas perto do coração" de Fernando Sabino e Clarice Lispector, um trecho transcrito abaixo:

"... o verdadeiro testemunho é o dos santos e nossa tristeza mais irremediável é de nem ao menos saber onde é que perdemos nossa única oportunidade de sermos santos."



sexta-feira, 13 de julho de 2012

... Fernando Pessoa...

Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.
O princípio da cura está na consciência da doença, 
o da verdade no reconhecimento do erro.
O valor de uma nação se mede pela cultura, saúde 
e energia dos seus membros.
Para vencer – material e imaterialmente – 
três coisas definíveis são precisas:
saber trabalhar, aproveitar oportunidades e criar relações.

(Fernando Pessoa - Livro do Desassossego)

terça-feira, 10 de julho de 2012

Poemas dos becos de Goiás e estórias mais, de Cora Coralina





fonte: passeiweb.com




A imagem de Cora Coralina, como escritora, está associada, sobretudo, aos seus livros de poesia, notadamente a Poemas dos Becos de Goiás e

Estórias mais, primeiro livro da autora, publicado em 1965, quando Cora tinha 76 anos.

Nesses poemas, a autora quebra a fusão lírica entre o eu e o mundo para contar estórias que viveu, observou, aprendeu de ouvido, estórias que ela comunica não com a impessoalidade do gênero narrativo, mas impregnadas com a sua substância mais íntima, vez que as faz antes "transitar pelo coração vidente".

No livro Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, tempo, geografia e memória compõem o tecido textual, numa delicada, amorosa e singela entrega poética. O eu-poético funde-se à sua terra, alimentando-se de suas raízes e das suas histórias. Os versos, marcados pelo cotidiano, permitem que as emoções aflorem a partir de objetos e de cenas familiares. Os muros da cidade são prisões nas quais mal se contém um eu-lírico angustiado por libertar-se.

Existe na obra a presença de confessionalismo e memorialismo; há o recurso anafórico e uma relação estreita entre prosa e poesia. Nota-se também uma insistência em descrever a ação do tempo sobre os rios, sobrados e pessoas.

A estreita relação entre a prosa e a poesia, a própria autora nos diz: 

Versos... não
poesia...
Um modo diferente de contar velhas histórias


Calmamente, gestos e coisas simples vão sendo transformados em poesia. 

Na primeira página do livro, a poeta revela as motivações da sua escrita “ao leitor”:

AO LEITOR


Alguém deve rever, escrever e assinar os autos do Passado

antes que o Tempo passe tudo a raso.

É o que procuro fazer, para a geração nova, sempre
atenta e enlevada nas estórias, lendas, tradições, sociologia
e folclore de nossa terra.
Para a gente moça, pois, escrevi este livro de estórias.
Sei que serei lida e entendida. 



Na página seguinte, faz uma "ressalva":



RESSALVA



Este livro foi escrito 

por uma mulher 

que no tarde da Vida 
recria e poetiza sua própria 
Vida. 

Este livro 
foi escrito por uma mulher 
que fez a escalada da 
Montanha da Vida 
removendo pedras 
e plantando flores.

Este livro:
Versos… Não
Poesia… Não
um modo diferente de contar velhas estórias.



A memória é o fio que Cora Coralina utiliza para esboçar o plano do livro: a poeta acredita na memória capaz de recuperar o passado coletivo, mas reconhece que essa tarefa é desempenhada a partir de uma perspectiva particular: a memória da mulher, da mulher velha, da mulher que escreve para "recriar e poetizar sua própria vida".



"Presidiários", também de veio rememorativo, de feição doméstica, é a primeira parte de Poemas dos becos de Goiás e estórias mais



Já a segunda parte é dedicada ao aspecto social que ela observava e desejava retratar, através de poemas para lavadeiras, lavradores, mulheres da vida, crianças abandonadas e presidiários, a quem deseja levar palavras de amor e compreensão. Cora Coralina canta a beleza das lavadeiras e trabalhadoras comuns, como em "Estas mãos", poema a seguir, em que a poeta procede à estetização das mãos de modo que essas, profundamente identificadas com a matéria do trabalho, vão assumindo os atributos do ofício:



Olha para estas mãos 

de mulher roceira, 

esforçadas mãos cavouqueiras.

Pesadas, de falanges curtas,
sem trato e sem carinho.
Ossudas e grosseiras.

Mãos que jamais calçaram luvas. 
Nunca para elas o brilho dos anéis.
Minha pequenina aliança.
Um dia o chamado heróico emocionante: 
– Dei Ouro para o Bem de São Paulo.

Mãos que varreram e cozinharam.
Lavaram e estenderam
roupas nos varais.
Pouparam e remendaram.
Mãos domésticas e remendonas.

Íntimas da economia,
do arroz e do feijão 
da sua casa. 
Do tacho de cobre.
Da panela de barro.
Da acha de lenha. 
Da cinza da fornalha. 
Que encestavam o velho barreleiro 
e faziam sabão. 

Minhas mãos doceiras... 
Jamais ociosas.
Fecundas, imensas e ocupadas.
Mãos laboriosas.
Abertas sempre para dar, ajudar, 
unir e abençoar. 

Mãos de semeador afeitas 
à sementeira do trabalho.
Minhas mãos raízes 
procurando a terra.

Semeando sempre.
Jamais para elas 
os júbilos da colheita.

Mãos tenazes e obtusas, 
feridas na remoção de pedras e tropeços, 
quebrando as arestas da vida.
Mãos alavancas 
na escava de construções inconclusas.

Mãos pequenas e curtas de mulher 
que nunca encontrou nada na vida.
Caminheira de uma longa estrada.
Sempre a caminhar. 
Sozinha a procurar,
o ângulo perdido, a pedra rejeitada. 



ESTÓRIAS DO APARELHO AZUL



Minha bisavó - que Deus a tenha em bom lugar

inspirada no passado sempre tinha o que contar.

Velhas tradições. Casos de assombração.
Costumes antigos. Usanças de outros tempos Cenas da
escravidão.
Cronologia superada
onde havia banguês.
Mucamas e cadeirinhas.
Rodas e teares. Ouro em profusão,
posto a secar em couro de boi.
Crioulinho vigiando de vara na mão
pra galinha não ciscar.
Romanceiro. Estórias avoengas...
Por sinal que uma delas embalou minha infância.
Era a estória de um aparelho de jantar?


segunda-feira, 9 de julho de 2012

KALUNGAS

No Link abaixo poderão observar o olhar da fotógrafa Layza Vasconcelos, em visita à comunidade Kalungas, 2004/2005.

Layza Vasconcelos também está participando deste projeto, compartilhando seu olhar atento, emoldurando emoções...

FOTOS LAYZA / KALUNGAS

AS PAISAGENS DO CORPO

sobre o método de pesquisa em artes cênicas BPI:

As Paisagens do Corpo revelam Imagens da Existência- Graziela Rodrigues Universidade Estadual de Campinas

domingo, 8 de julho de 2012

UM POUCO DE CORA

Pra começar...

Moeda de Ouro – Um olhar sobre Cora Coralina / Maria Esther Torinho

CORA CORALINA / BIOGRAFIA E POEMAS


ORAÇÃO DO MILHO




Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres.
Meu gão, perdido por acaso, nasce e cresce na terra descuidada. 
Ponho folhas e haste e se me ajudares Senhor, mesmo planta de acaso, solitária, dou espigas e devolvo em muitos grãos, o grão perdido inicial, salvo por milagre, que a terra fecundou.
Sou a planta primária da lavoura.
Não me pertence a hierarquia tradicional do trigo. E de mim, não se faz o pão alvo, universal.
O Justo não me consagrou Pão da Vida, nem lugar me foi dado nos altares.
Sou apénas o alimento forte e substancial dos que trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre.
Sou de origem obscura e de ascendência pobre. Alimento de rústicos e animais do jugo.
Fui o angú pesado e constante do escravo na exaustão do eito.
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante. Sou a farinha econômica do proletário.
Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a vida em terra estranha.
Sou apénas a fartura generosa e despreocupada dos paiois.
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece.
Sou o carcarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos.
Sou a pobreza vegetal, agradecida a Vós, Senhor, que me fizeste necessária e humilde
SOU O MILHO

sábado, 7 de julho de 2012

A Caçada da Rainha


O PROJETO PAISAGENS CORPORAIS



Os bandeirantes iniciaram a aventura rumo ao centro-oeste brasileiro somente 90 anos depois do descobrimento. Relatos dessas viagens nos revelam o quão difícil foi romper esses desconhecidos e virgens sertões. A descoberta do rio Araguaia, por exemplo, só ocorreu por volta de 1618, depois de 28 anos de tentativas frustradas.

   A aventura dessa outra  pessoa paulista, a artista-bandeirante contemporânea Erica Bearlz, rumo ao interior goiano, ocorre somente  sete anos depois dela adentrar o centro-oeste e se instalar em Goiânia. Durante uma apresentação Grupo Sertão,  às margens do mesmo Rio Araguaia encontrado pelos bandeirantes, resolve propor ao grupo uma parceria.    

Há tempos inspirada pela exuberância natural da região do Cerrado  e com uma vontade latente de usurpar da riqueza de sua cultura  popular, Erica, tocada e entusiasmada com a qualidade da música do grupo, que tem suas raízes na cultura tradicional e popular,  propõe ao músico a concepção de um espetáculo onde se uniriam as expressões corporal e musical, dentro de uma estética contemporânea, inspirado nas paisagens e em algumas das manifestações culturais do Cerrado Brasileiro, visando compartilhar dessa experiência com o Brasil e com o mundo.

 Aludindo aos desbravamentos, a história dessa bailarina/coreógrafa dentro do cenário profissional e artístico goiano tem sido escrita de forma bem cerrada, ou seja, pertinazmente. Com olhar e tato sutis e poéticos, vem rendendo-se e rebentando, tal como  os Ipês desabotoam suas flores a cada agonia anual apresentada nos tempos de estiagem tão acentuados nesse sertão cerratense.




Paisagens...


Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
(Cora Coralina)