domingo, 14 de abril de 2013

Imagens Poéticas anteriores à pesquisa de campo em Paisagens Corporais


No início do processo de pesquisa de Paisagens Corporais, nos chamava muita a atenção o fato do cerrado ser o berço da águas do país. Como se lá no coração rachado pela seca, jorrassem águas azuis que se esparramavam pelo Brasil  a fora. 

Esta imagem do cerrado como berço das águas nos fez entrar em uma peregrinação interna, passando por nossas partes secas e áridas, em busca de nossas nascentes. 

No primeiro semestre de pesquisa - jan a jun de 2012- a observação do ambiente natural foi de fundamental importância para a tônica do trabalho. 

Três imagens ficaram muito presentes:

· os ipês – que no auge da agonia da seca, choram flores;

· a ecdise e o canto das cigarras – o abandono das velhas estruturas e o canto eufórico em busca de seus pares, anunciando a chuva;

· a revoada das aleluias  - que também saem da terra, aladas e frenéticas, em busca de seu par.

Aqui em Goiânia, quando vemos um ipê florido, aprendemos a ver beleza nas coisas áridas. E quando ouvimos uma cigarra, ou quando presenciamos uma revoada de aleluias, bate um alívio: a chuva está chegando... Aleluia!! Uma mistura de fé na vida com uma saudade... No meu caso, saudade de meus entes queridos que estão mais distantes... Seria a busca pelo meu par?

As três imagens tinham algo em comum, que nos era precioso enquanto imagem poética: uma forte relação com a terra e busca dos céus, a sublimação.

Os ipês contavam da importância dos tempos áridos, as cigarras e aleluias cantavam os segredos da esperança e da fé. 

Para nós, tais imagens eram metáfora da peregrinação humana, em busca do essencial, em busca do sagrado. Era nossa caçada começando a surgir...

E no umbigo dessa busca, desta caça, águas jorravam e emoções transbordavam.




Assim seguimos a pesquisa, adentrando no Cerrado de Goiás, caçando nossas essências e nossas emoções mais preciosas.

E fomos parar em Colinas do Sul, para caçar a Rainha e aguçar nossa fé nas coisas simples, e depois seguimos para a comunidade Kalunga do engenho 2, em busca da força Kalunga e das águas de Santa Bárbara.




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