segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Inventário Corporal e DOJO: contribuições de Maria Fernanda

Para dar continuidade aos processos de laboratórios corporais, iniciamos, sob a orientação de Maria Fernanda Miranda, a construção do inventário pessoal (Parte integrante da Metodologia de Criação Proposto por Graziela Rodrigues denominada de Bailarino-pesquisador-intérprete) e de laboratórios de "dojo".Segundo Rodrigues, o "dojo*" pode trazer momentos preciosos em que a cultura se manifesta no corpo do intérprete sob tal processo de busca pessoal. Nesta etapa são desenvolvidos alguns exercícios para a busca de "marcas", impressões corporais sobre a história cultural e social de cada um. Podemos encontrar estados corporais únicos, sem que se tenha a intenção racional de atingi-los.

Segundo Rodrigues, ao assumirmos a história que carregamos no corpo abrimos uma possibilidade para a criação de uma obra cênica com muito mais vitalidade, por ser criada de dentro para fora. Segundo Ana Carolina Melchert, diretora corporal de trabalhos que envolvam o método BPI proposto por Rodrigues, a Matriz corporal (ou de movimento) é um movimento que agrega conteúdos pertinentes a uma dada manifestação e possui um caráter gerador de paisagens, sensações, sentimentos e movimentos. 
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Iniciamos com o inventário pessoal por acreditarmos que muito do que foi e de como foi registrado no corpo dos bailarinos durante pesquisa de campo possui uma intima ligação com a história pessoal e memória afetiva/cinestésica dos intérpretes. 

Se conseguirmos trazer para a interpretação cênica esses conteúdos intrínsecos da história cultural pessoal de cada intérprete , poderemos chegar a uma expressividade mais coerente com a proposta da pesquisa cênica Paisagens Corporais.  Assumir a história pessoal cultural como parte essencial  do corpo cênico pode ampliar a receptividade dos intérpretes criadores na observação do "outro", na consciência da alteridade manifesta.

Dojo. Ferramenta de laboratório corporal proposto por Rodrigues em seu método BPI. Espaço em forma de circulo delimitado pelo próprio bailarino para a emanação das memórias de seu corpo. Para Rodrigues, o Dojo é uma ferramenta base para o reconhecimento do que foi registrado com a pesquisa de campo, assim como a descoberta de matrizes corporais que podem ser exploradas para a construção de uma cena ou mesmo de um fio que permeia toda a obra cênica. É nesse espaço que podem surgir "personagens", que tanto podem ser uma pessoa que nos marcou durante a pesquisa, ou um emaranhado de características e imagens que acabam por moldar essa personagem. 

... modela em seu corpo os corpos frutos de suas imagens, com tonacidades musculares específicas. Posturas e impulsos tornam-se formas em movimentos com significados” (Rodrigues 2003) [1]




[1]Rodrigues. G.E.F. (2003) O Método Bailarino-pesquisador-intérprete e o desenvolvimento da imagem corporal: reflexões que consideram o discurso de bailarinas que vivenciaram um processo criativo baseado neste método. Tese de Doutorado – Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 

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